sexta-feira, 21 de maio de 2010

Um suco, uma bicicleta e um coração vagabundo. / postado por Jean Filippe (escrito por Paula Castro)


Eu queria poder dizer o quanto gosto de você, mas sem transparecer que gosto de você como mulher, não somente como amiga.
Queria dizer isto agora.
Mas você está tão concentrada no livro que lê, que dá pena de roubar sua atenção. E também, sua outra mão está ocupada fazendo carinho no cabelo dele, que dorme encostado em suas pernas, sobre a grama.
Droga, você tirou os olhos do livro novamente. Mas… não, o que é isso? Você está me olhando. Tento sorrir, mas só tenho certeza de que estou fazendo isso quando você abre seu sorriso gentil, quase cerrando os olhos.
Tenho vontade de pedalar minha magrela até você e dizer que te quero, dizer que vi este sujeito passando a mão na bunda da minha colega, de dizer que ele não presta e sou eu quem você merece ficar para sempre.
Mas eu ainda estou parado do outro lado do parque, segurando a sacola do mercado recheada de pães para o café da tarde. Queria te convidar para beber um suco lá em casa, te mostrar minha coleção de discos dos Beatles e beijar seus lábios na hora em que você for embora.
Já vi você com muitos rapazes, e você sempre contou comigo para os momentos de solidão, pedindo um conselho ou o silêncio de um abraço. Te conheço o suficiente para gostar de você por completo, de querer que você goste de mim por completo também.
Ao chegar em casa e jogar a magrela na garagem, vou para meu quarto sem tomar café e me lembro da brisa erguendo seus cachos ao céu, de suas mãos delicadas folheando o livro e enrolando o cabelo do sujeito.
O telefone toca.
- Você estava distante hoje, não estava? - Um riso acompanha a pergunta. Quando achava que não pensaria mais nela, sua voz grade estampa uma foto sua em minhas pálpebras, fazendo-a aparecer toda vez que pisco os olhos.
- Eu? É, quem sabe. - Por que não consigo dizer o quanto te gosto?
- Posso saber o nome dela? - Outro riso acompanhando a pergunta e minhas pernas tremem.
- Prefiro deixar o segredo pairando no ar. Mas é alguém muito especial. Minhas pernas tremem quando ouço sua voz, me perco na imensidão de seus olhos e o enrolar de seus cabelos dão nós em meu coração. - Ouvi minha voz pronunciando tais palavras e logo achei melhor ficar quieto.
- Deve ser uma garota muito especial e realmente muito sortuda por ser tão amada assim. - Amada? Eu, na verdade, não tinha pensado na possibilidade do amor.
- Você é mesmo… quer dizer, ela é, é sim. - Pronto, estraguei tudo. - Vou ter que desligar. - Pigarreei tentando disfarçar. Houve um instante de silêncio.
Quase mijei na calça de nervosismo.
- Amanhã eu passo aí, então você me mostra seus discos e aproveito para tomar um suco. Pode ser?
Por que você faz isso comigo? Por favor, não me dê esperanças, não me faça crer que você gosta de mim, não sei se é bem isso que eu quero.
- Pode sim. - Desliguei.
Acho que prefiro assistir você de longe, sentado na minha magrela. Acho que prefiro você intocável, sem a real possibilidade de te ter nos meus braços. Prefiro não ter o risco de te perder. Isso seria mais fácil para meu coração vagabundo e apaixonado. (TEXTO RETIRADO DO BLOG DA PAULA CASTRO ' www.quelquejour.tumblr.com ' )

Quado li esse texto quase chorei, hehe ^^,  espero que todos gostem, assim como eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário