sexta-feira, 21 de maio de 2010

O novo tipo de Literatura - por Fernanda Guimarães

 Contos Clássicos. É, todo mundo já leu um. Pelo menos, em um momento do colégio, todos nós já lemos. Essa parte da nossa vida ainda existe, mas agora há uma nova geração de contos clássicos: as “adaptações”.
Para entendermos a adaptação, é preciso reconhecer o seu suporte, ou seja, se estamos falando de uma adaptação de conto para HQ, de literatura para filme, de literatura para literatura. Dependendo do suporte, são escolhidas maneiras diferentes para adaptar. Pode ser uma adaptação onde não se muda em nada a história original, apenas a forma de linguagem, para uma mais formal, ou menos formal. Ou pode ser uma adaptação onde se muda radicalmente a história original, deixando apenas uma base.
  Hoje em dia, existe adaptação de tudo, filmes, livros etc. Um exemplo bem conhecido são as adaptações de histórias em quadrinhos para filmes, ou literaturas bem famosas. Todos esses filmes de Super Heróis são adaptações de livros ou HQ's. Outro exemplo é essa febre sobre Alice no País das Maravilhas, (ou, como Tim Burton preferiu, ... de volta ao país das maravilhas). Essa é uma história antiga e clássica. Há, ainda, aquela diferenciação entre roteiro original e roteiro adaptado, este, ultimamente, tem sido o preferido de Tim Burton.
  Mas voltando para o ambiente colegial, agora a moda é facilitar a vida dos estudantes, ou talvez arrecadar novos leitores para os contos clássicos, e a maneira mais fácil que encontraram foi seduzi-los com o poder das HQ's. Imagine Dom Quixote em HQ's. Pois é, já existe. Foi adaptado, editado e agora comercializado, além de já estar circulando na escolas. Um conto já é uma narrativa curta, que dá ao leitor detalhes suficientes para que todo o trabalho de “ver” seja de sua própria imaginação. Agora imagine uma adaptação em HQ, onde todos os detalhes de cenário e expressões estão expostos ao leitor por desenhos. Obviamente essa foi a proposta mais fácil para novos leitores, talvez o segundo passo seja introduzir a versão original do conto. Mas, de um certo modo, a HQ nos tirou o poder de imaginação, onde tudo já está ali, nos fazendo apenas reproduzir a mesma imagem em nossa mente.
  A cartomante, como um segundo exemplo, é um conto clássico de Machado de Assis. A história conta um episódio da vida de dois melhores amigos que têm seu laço quebrado por uma traição. Camilo, Vilela e Rita – as personagens. Camilo e Vilela são melhores amigos desde a infância, em uma parte de sua vida, Vilela conhece Rita, e com ela se casa. Depois de muitos anos, os dois amigos se reencontram. A mãe de Camilo morre e, como no próprio conto está escrito, “ .. os dois mostram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração.. e ninguém o faria melhor.” Pelo trecho já é possível imaginar o que viria a decorrer na história. O conto clássico original, com seus detalhes completos, deixa para o leitor imaginar todas as cenas, e o que mais excita são as cenas de tensão. Traição, descoberta, morte. Cada detalhe deixa a cena mais intrigante. Mas como estamos falando de adaptações, não vamos esquecer de que obviamente esse conto já tem uma, muita boa por sinal, onde os traços, os desenhos, as cenas são detalhistas até um certo ponto, que a partir dele deixa para o leitor imaginar o que se seguiria.
 De tudo que é feito, existe o que é bom e o que é ruim. Adaptação boa é aquela que detalha os momentos, mas que deixa o leitor/espectador intrigado, criando aquela vontade de ler o conto original para saber que detalhes foram perdidos em meio a uma adaptação, o que mais poderia fazer parte da sua imaginação.  Adaptação ruim é aquela que te conta, mostra tudo, mas, ao mesmo tempo, nada. É aquela que tenta te deixar a par de todos os detalhes, mas, ao mesmo tempo, omiti alguns, deixando partes meio soltas, incompletas e confusas, tirando a vontade de continuação.
Adaptações de clássicos para a educação só serão realmente bons no momento em que incentivarem o aluno a procurar o original que deu origem a uma adaptação.


A cartomante faz parte do livro Várias Histórias (1896), de Machado de Assis.
Alice no País das Maravilhas, conto original de Lewis Carrol (1865).



@feernandamg



Um comentário:

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