sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ronrono, logo existo, por Paula Castro

     O gato dormia. Chuchu, na verdade, dormia. Um Chuchu de orelhas pontudas e que produzia um ruído ao dormir. Ruído que não me permitia sonhar. Orelhas erguidas para Chuchu, tentando entender o que diabos estava acontecendo dentro daquele animal, mas... nada.
      - Ei, Chuchu, acorda!  - Chamei-o. Abriu um de seus olhos sonolentos e me fitou. - Acho que o seu motor pifou.
      Voltou a dormir, como se eu tivesse perguntado para as paredes. Não deixei de lado e me concentrei no barulho de Chuchu.
      - O que é isso, gato? - Questionei, indignado.
      - Sei lá. - Chuchu respondeu como se fosse o ruído mais normal do universo. Talvez fosse, mas só para ele. - Isso meio que acontece na minha garganta quando me sinto esquisito e quente por dentro, sabe? - Juro que tentei compreender.
      Chuchu abriu a bocarra e, naquela escuridão, eu podia ver uma bola de pêlo. Alertei-o.
      - Talvez seja isso, a bola de pêlo. - Chuchu me notificou, tranquilo.
      Deitei e, quando estava quase dormindo, o ruído. Pude ouvir Chuchu sussurrando:
      - Ronrono, logo existo.


Um comentário:

  1. foi bem criativo.Achei bem legal a discussão que foi estabelecida sobre a história sem as imagens. mesmo sem as imagens eu consegui imaginar quase igual...PERFEITA ESSE CONTO \o/

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